2007-11-28

Environmental Pragmatism

Ainda não li, mas me parece um exemplo de um pragmatismo ambiental à esquerda. Do review do livro: "What the new ecological crises demand is not that we constrain human power but unleash it. Overcoming global warming demands not pollution control but rather a new kind of economic development. We cannot tear down the old energy economy before building the new one." Me parece um livro que se propõe a pensar: "o que deve surtir efeito? O que vai funcionar?

Para dar uma olhadela no livro na amazon:
http://www.amazon.com/gp/reader/0618658254/ref=sib_dp_pt/002-3798845-7384823#reader-link

Para ver uma reportagem do New York Times que cita os autores:
http://link.brightcove.com/services/link/bcpid959009704/bclid978961354/bctid1305014009

2007-11-13

Juan Carlos e Chavez

Irrepreensíveis as palavras de Zapatero. Depois do Chávez tomar 25 minutos falando (sendo que o protocolo só permitia 5) e impedir que o Lula falasse, ele ainda interrompe o Zapatero durante sua elegantemente introduzida fala. Isso não justifica a postura do Juán Carlos, contudo...

2007-11-12

Democracia 2

Com base na discussão que rolou nos comentários do tópico "Democracia", nós poderíamos colocar uma outra questão que muitos já colocaram. Vale a pena o povo perder poder ou expressão em prol da melhoria dos índices sociais. Ou mesmo, é necessário essa centralização de poderes nas mãos do executivo para que os índices sociais melhores, ou mesmo o país se desenvolva mais. Temos muitos exemplos na História. No Brasil, Getúlio, cuja base social difusa o fez apoiar a causa trabalhista. Campos Salles, antes, com a Política dos Governadores, bypassou o congresso e conseguiu estabilizar a economia (descontrolada desde o encilhamento de Ruy Barbosa). (Hoje temos avenida Rio Branco e todas as alterações feitas no centro do Rio de Janeiro porque sobrou dinheiro para o Rodrigues Alves.) JK, se não me engano, fez algo parecido (não estou lembrando agora e já está um pouco tarde para eu ir checar). Saído do Brasil, temos o exemplo claro da China. O espaço de altercação e do embate das forças nacionais congelam a ação do país?

Democracia

Pergunta que coloco: democracia é a "ditadura da maioria" ou é um sistema onde, através do parlamento, todos os grupos e dissidências da sociedade tem voz para expressar e defender seus interesses? Pelo tamanho da segunda opção, parece essa ser a minha resposta, mas eu tenho que ficar em cima do muro em relação a essa. Tudo nas democracias é votado como maioria (ou absoluta ou qualificada, ou 3/5 em algumas matérias). Podemos - é óbvio que eu estou falando dele - classificar Chávez como anti-democrático? A perspectiva de aprovação da nova constituição através de referendo popular não é de 60 a 65%? O fato de estar sendo aprovada uma constituição onde se outorga uma enorme quantidade de poder a uma pessoa só a torna anti-democrática, mesmo tendo sido chancelada pela maioria?

José Murilo de Carvalho - Os Bestializados

Hoje estou postando para vcs o meu resumo do primeiro capítulo do livro "Os Bestializados" do professo José Murilo de Carvalho.

Cap 1: O Rio de Janeiro e a República
(Discute as transformações ocorridas nos primeiros anos republicanos na capital e suas conseqüências)

Na 1a década republicana, o Rio de Janeiro passou por transformações de natureza econômica, social, política e cultural. Demograficamente, i) a população aumentou e se diversificou em termos étnicos e de ocupação com a abolição (que jogou grande mão de obra no mercado e engrossou as fileiras do subemprego), o êxodo rural e à imigração; ii) houve um desequilíbrio entre os sexos (homens sendo 56%) e baixo índice de nupcialidade (26%); iii) aumento do subemprego ou da desocupação (e esse grupo poderia se juntar às “classes perigosas”). Esse aumento populacional refletiu-se nas condições de vida: i) carência de habitação; ii) os problemas de abastecimento de água, de saneamento e de higiene se agravaram; iii) epidemias, como as de varíola e febre amarela, em 1891, que se juntava às tradicionais malária e tuberculose.
Economica e financeiramente, para aplacar os cafeicultores e para atender a demanda por moeda corrente, o governo começou a emitir dinheiro. Houve uma febre especulativa – que ficou depois conhecida como Encilhamento – e milionários faziam-se e desfaziam-se. Devido ao consumo conspícuo dos novos ricos, os importados subiram de preço e os preços dobraram em 1892. O moeda desvalorizou-se e o governo aumentou o imposto sobre os importados, encarecendo-os ainda mais. O aumento dos salários de longe não acompanhou a inflação. Com a imigração, ampliava-se a mão de obra a disputar os escassos empregos.
Politicamente, a república trouxera grandes promessas de maior participação política. Houve um sem número de manifestações. Os militares haviam provado, no início da república, do poder que desde a regência lhes havia fugido das mãos e julgavam-se os salvadores da pátria a qualquer momento se achando no direito de intervir. Os operários acreditaram nas promessas do novo regime e tentaram organizar-se em partidos e promoveram greves. Os capoeiras – até por antes fazerem parte da Guarda Negra – foram talvez o único setor a ter sua atuação comprimida. Os anarquistas estrangeiros foram deportados.
Quanto às idéias, houve um “abrir de janelas”, um “porre ideológico”. “Misturavam-se, sem muita preocupação lógica ou substantiva, várias vertentes do pensamento europeu.” Houve uma atitude nova e mais participativa dos intelectuais em relação à política. No nível das mentalidades, houve uma “sensação geral de libertação”, uma mudança nos padrões de moral e honestidade (sendo fruto desse último o desejo de enriquecimento rápido ilustrado pelo encilhamento, a “vitória do espírito do capitalismo desacompanhado da ética protestante”. Os costumes também se tornaram mais soltos: “o que antes era semiclandestido [...] adquiriu com a República [...] foros de legitimidade pública.” Se o operariado esperançava mais participação política com a República e, pois, a via com bons olhos, o proletariado viu a monarquia cair em seu auge de popularidade – com a abolição. “A prevenção republicana contra pobres e negros manifestou-se na perseguição contra os capoeiras, na luta contra os bicheiros e na destruição do Cabeça de Porco.”
Quais seriam, então, as conseqüências dessas transformações? O problemas central era conseguir um outro pacto de poder que conseguisse estabilidade. Durante quase 10 anos da república, as agitações se sucediam na capital, havia guerra civil no sul, havia risco de fragmentação, a crise do café ameaçava a economia e a dívida externa galopava. Para os exportadores e para a unidade política, a instabilidade preocupava. Era necessário reduzir a participação da capital, o que se traduzir em duas coisas: tirar os militares do governo e reduzir o nível de participação popular. O militares estavam muito concentrados no Rio de Janeiro e participavam constantemente nas agitações políticas. Para neutralizar a capital e as forças que nela jaziam, seria necessário fortalecer os estados.
Essa foi a obra de Campos Salles, bypassando o congresso com a sua “política dos estados”, a capital e suas confusões. A dissolução da Câmara de Vereadores (durante o governo provisório), o Código de Posturas (de 1890), a nomeação de prefeitos e chefes de política e o autoritarismo ilustrado (presente nas medidas do engenheiro Pereira Passos e do médico-sanitarista Oswado Cruz) são índices de uma “cidade deliberante” indesejada. Dissociava-se o governo municipal da representação dos cidadãos. Havia um grande mundo de participação popular, mas que passava ao largo da política (com as festas populares, as comunidades éticas, mais tarde as associações operárias, a Pequena África da Saúde, o cabeça de porco, e etc.). Foi criado pela república um novo Rio, domesticado, que entrou na belle époque. As finanças foram sanadas por Campos Salles. Sobraram recursos para as reformas urbanas; as antenas estéticas voltadas para a Europa. Houve um apartamento social ainda maior. Mas se esse novo Rio aumentava a segmentação social, as repúblicas do Rio continuavam a viver, a renovar-se a forjar novas realidade sociais e culturais. Elas poderiam manifestar-se politicamente de modo violento.

2007-11-09

Chávez

Como todos sabem, a petrobrás encontrou um campo de petróleo gigantesco quilômetros abaixo no fundo do mar que vai aumentar em até 60% as reservas de petróleo do Brasil e fazer com que o país passe a exportar o produto. Tive, agora, a grande decepção de ver mais uma provocação de Chávez aos lideres do mundo. Segundo matéria do Globo de hoje, Chávez se "referiu de maneira jocosa" à descoberta, e ironizou, dizendo que o Brasil agora poderia entrar na OPEC. Queria abrir um debate com isso. O que diabos o Chávez ganha com essas provocações? O que ele quer? Vejam só o que ele já disse na televisão, chamando Bush de "pajarito", "mr. Danger" "ignorante", "donkey" e etc. I just don't get it.

2007-11-08

Climate Change, Brazil, Food Sovereignty, etc.

08/11/2007 - 2

            Since the meeting in Itamaraty, I've wanted to comment on the speech made by Ambassador Sérgio Barbosa Serra on Climate Change. He mentioned the meeting that is going to take place in Bali to analyze further developments of the Kyoto protocol. He said that it is highly unlikely that most of the countries would have reduced their emissions by 2012, which is the deadline for the Kyoto Protocol. He mentioned the great exception of the United Kingdom and Germany, who will in fact be able to decrease emissions (the UK has changed part of its energy to natural gas, and, CO2 emissions by Natural Gas are much lower than those of Coal):

            The Brazilian position as to the Kyoto Protocol had been that global warming is is being caused by many decades of emissions by developed countries, not by the current emissions developing countries are producing. Therefore, developing nations should also have the chance to develop, which developed countries had in the past.

            But Brazil is putting forth a slightly changed position this time. Brazil wants only a domestic goal as to CO2 emissions and not a treaty-imposed, external one. Therefore, in my view, Brazil sends the message to the international community that it is willing to collaborate with the reduction of CO2 emissions, but maintains a sovereign and strong position as to who should be blamed for it. Brazilian CO2 emissions occur in great part only due to fires in the forests. And, as the ambassador himself said, there is no use for these fires. These fires account for nothing in the country's annual GDP growth. It is, in great part, illegal.

            Talking to a friend about it between panels, I asked him "why isn't it being fought? Why isn't the army being used in it?", and he said that there were not enough resources and men to patrol an area as big as the Amazon. And he is probably right. According to Wikipedia, in terms of active troops, the Brazilian Military is the 18th in the world, above France, Japan, Germany and Italy. But in terms of Military expenditures, for a country as big as Brazil, military expenditures are apparently way below necessary.  According to the Army Commander, General Enzo Martins Peri, Brazil has 25 thousand soldiers in the Amazon. Most of it, however, guarding the countries frontiers. Since most of the fires are locates in the so-called agricultural frontier, therefore, the army would not be acting on that front. Anyway, that's just a speculation.

In this sense, Sivan (the Amazon Surveillance System) and the Sipam (the Amazon protection System) is an advance. The data for 2006 showed a great decrease in Amazon fires and deforestation. Apparently there was an increase in the deforestation in Pará in 2007, but let us see about it with when the 2007 numbers are out next year. For 2006, Brazil reduced 30% the number of deforested squared kilometers. If I had to speak about the future of deforestation in Brazil, I'd say that there are great signs of improvement.

Now with the Ethanol pressure. Brazil has 7 million hectares producing sugar cane. The country also has 200 million hectares of arable land being use as pasture land for cattle. A great part of it isn't being "used" at all. That is, Brazil has a lot of room to expand sugar-cane production without deforestation. Now, according to ambassador Sérgio Barbosa Serra, that is probably enough to fulfill the needs of the internal market. Now as for Brazil to became the Saudi Arabia of Ethanol, now that's is less likely. Anyway, it is not interesting for any country not to have varied exports. Brazil has great experience on basing great part of the economy on the exports of coffee.

AppleMarkNow many of you might say that corn bushel prices are skyrocketing. Leaving the craziness it is to produce ethanol from corn aside, corn prices are going up throughout the world because, despite the fact that corn production is increasing, the percentage of use for ethanol is also increasing, which therefore decreases the US exports which pushes the price up. In Brazil, that has happened. In Brazil, corn is not as important as wheat, rice and manioc as a basic source of carbohydrates, but it is use as forage for cattle, chicken and pigs.

            Anyway, going back to the Panel on Climate Change, another panelist also put forth the need for different reasons for causing CO2 emissions to be differentiated. The CO2 emitted irresponsibly by a 4-wheel drive car that's driving unnecessarily in the city cannot be compared to any sort of emission caused by any socially-oriented action. Good call. But how to estimate that? How to define what would be a "luxury-emission"? I think this is good in concept but undoable. Anyone who owns a Hummer gets carbon tax. Anyone who uses an electric oven to bake bread for poor children doesn't? I judge that a general enough rule would be extremely difficult to precise, but discussing the issue is a way to get people to think how uselessly they are using their emissions. We need to emit, we breathe, we burn stuff for energy, but what we emit with and how much is the question. Anyway... open for discussion.

Diary

08/11/2007 - 1

Estou começando hoje esse diário. Primeiramente, pois acho que eu tenho problemas de memória e muitas vezes, por não lembrar se dei ou não sei um recado, se fiz ou não fiz certa coisa e também por admitir não lembrar, acabo por ser culpado por não ter dado o recado ou por não ter feito certa coisa.

Também gostaria de ter um lugar para exercitar os conhecimentos aprendidos no estudo para o Itamaraty. Quando aprendi o inglês, sempre cri que adquiri qualquer fluência por fala sozinho, simplesmente. Assim, durante o estudo, tendo refrasear o que estou aprendendo e discutir as questões comigo mesmo. Talvez por influência do mesmo processo ter ocorrido no aprendizado do inglês, faço-o muitas vezes em inglês. Às vezes, tenho-o feito em español. Assim, peço que não se surpreendam if I suddenly change the language to English o castellano.

Voltando ao refraseamento, acho que quando nós tentamos dizer as coisas com as nossas próprias palavras, nós adquirimos uma forma de pensamento próprio e, com o meu sério problema de memória (still undiagnosed, but, in my opinion, existing), ao produzir o conhecimento acho que se torna mais fácil lembrar dele. Além disso, ao escrever o que estamos pensando, estruturamos o conhecimento e percebemos todos os buracos nele existentes.

Todo esse exercício talvez venha a diminuir o material de estudo ao qual estarei me expondo. Contudo, inclusive por conversa com Isabel realizada no II Encontro de Política Externa no Itamaraty no Rio de Janeiro, onde disse achar que um certo candidato do concurso que passara com pouco tempo de estudo, o havia feito por ter estudando "certo". Por estudar "certo", ela quis dizer, estudar fazendo resumos, realmente fixando o conhecimento estudado. Há divergências. Vai ficar confuso durante um tempo, mas no final tudo ir-se-á aclarar (mesóclise, muy belo).

Minha opinião é que o Itamaraty busca intelectuais. Intelectuais não são especialistas, são experts in generalidades. É uma pessoa que sabe ver the big picture. Sabe analisar os macro aspectos de uma situação, entender o sentido no qual caminha a sociedade, mas não sabe em detalhes sobre brocas utilizadas na perfuração de petróleo em águas profundas, nem sabe detalhes de discussões sobre a prosa de Euclides da Cunha. O que o Itamaraty quer, a meu ver, são pessoas que saibam que pontos uma estrada liga e não se a estrada é não qual é o tipo de asfalto que recobre o solo.

Essa sapiência, essa sabedoria, essa capacidade de versar em termos genéricos sobre quase qualquer coisa, não se constrói de um dia para o outro nem muito menos lendo manuais gerais. Lendo o História do Brasil, do professor Boris Fausto, lendo o História da Política Externa, dos professores Amado Cervo e Clodoaldo Bueno, extraímos uma análise que apenas temos como memorizar. Penso que para entendermos de fato essa analise que os autores fazem (e aqui não estou dizendo que os livros acima citados são unicamente compêndios de opinião; possuem uma enormidade de fatos também) temos que entender os fatos, o objeto que os levou a fazer a análise daquela maneira. E creio que isso só se dá através do detalhe e do estudo multifacetado.

Algo que sempre se fala dos diplomatas é que eles sabem muito bem como serem "vaselinas". Eles tem que saber como dizer as coisas. Por exemplo, já comentando uma notícia – que é algo que pretendo fazer nesse estudo –, Charles Petrie, Chefe da United Nations Development Program, disse, segundo a Economist, que "the concerns of the people have been clearly expressed through the recent peaceful demonstrations, and it is beholden on all to listen." He also said the protests "demonstrated the everyday struggle to meet basic needs and the urgent necessity to address the deteriorating humanitarian situation in the country." Por causa desse declaração absolutamente neutra, que somente toca num ponto universal, incontestável, o casa vai ser expulso do país. Ele soube muito bom como dizer o que disse, apesar da conseqüência que teve.

Essa "vaselinagem" e essa capacidade de se articular de maneira geral creio que se consegue quando se compreende as vicissitudes do outro, quando se consegue entender os dois lados da história. É nisso que o estudo multifacetado pode ajudar – apesar de que, no caso da junta militar de Myanmar, até hoje não consegui entender o outro lado da história.

Assim, já exercitando a vaselinagem – que acho que é como eu sempre fui – por um lado, o estudo must be comprehensive in the sources you study, but, at the same time, open and manifold. This way, you don't have to take sides, and this is pure pragmatism, a rooted caracteristic in the Itamarati.