A CCJ da Câmara aprovou a constitucionalidade de um projeto de lei que obriga o uso de hidrômetros individuais em condomínios. A lei ainda teria que passar pelos trâmites normais, então, vamos esperar.
Atualmente, nos condomínios brasileiros, o morador recebe somente uma "Conta de Condomínio", onde estão embutidos todos os gastos relativos às áreas comuns e a água de todos os apartamentos. Isso faz com que alguns desconsiderem a economia de água – visto que o valor é dividido por todos os condôminos.
Para se ter uma idéia, em matéria publicada em fevereiro desse ano no Le Monde Diplomatique Brasil – e não vou poder citar os números com precisão porque não tenho o documento em mãos –, foi mencionado que a ONU considera, como padrão, que uma pessoa precisa de 110 litros de água por dia para viver. Nessa conta está incluída a água usada para lavar roupa, para cozinhar, para limpar a casa, para tomar banho e, obviamente, para beber. No Rio de Janeiro, consome-se mais de 240 litros por pessoa em média. Em meu edifício, são 270.
O problema é que a água só é distribuída para as unidades já dentro dos edifícios – o que dificultaria o funcionário da distribuidora de águas (no caso do Rio, a CEDAE) verificar o consumo para poder calcular o valor a ser cobrado. Além disso, é comum que haja mais de uma entrada de água no mesmo apartamento ou unidade (uma coluna na cozinha e outra nos banheiros), o que faria com que não só mais de um hidrômetro tivesse que ser instalado, como também que tivessem que ser instalados dentro dos apartamentos.
A CEDAE, normalmente, calcula o valor da conta de água por uma média dos últimos meses, verifica (a cada certo número de meses) o valor marcado no hidrômetro e faz a compensação na conta seguinte (caso tenha sido cobrado uma valor maior ou menor). Não sei se isso se dá por corte de custos, por carência de recursos ou recursos humanos insuficientes para verificar as medições, mas imagino que aumentar em várias vezes o número de hidrômetros e ainda colocá-los dentro dos prédios (ou até dentro dos apartamentos) não só impossibilitaria as verificações, como abriria margem para muita mutreta.
Isso leva a conclusão de que talvez a melhor estratégia seja obrigar os hidrômetros somente nas novas construções – o que fará a renovação demorar pelo menos mais uma geração. Até lá, vale a conscientização.
Síndicos poderiam colar comunicados em áreas comuns e elevadores com informações sobre a necessidade de se economizar água, sobre o consumo total e per capita dos moradores e sobre a insustentabilidade dos atuais níveis de consumo.
O que ninguém leva em consideração é que, para fazer a água com que tomamos banho, lavamos roupa, limpamos o chão, escovamos os dentes, cozinhamos e etc. chegar até nossas casas, além da própria água, são necessários muitos KWhs para bombeá-la até as indústrias e residências.
Além disso, tratar água é custoso e envolve uma enormidade de processos físico-químicos. E nós lá, desperdiçando água potável (e energia) lavando calçadas, pisos e levando nossas fezes para longe de nós.
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