2008-05-06

Europa e Carvão

http://www.nytimes.com/2008/04/23/world/europe/23coal.html?ref=environment

http://www.mediafire.com/?lmdblgbzlnn

Uma matéria recente no New York Times revelou que a Europa (a matéria menciona Itália, Alemanha e República Checa) está voltando a construir termelétricas a carvão. Estão planejadas pelo menos 50 na Europa. Com a alta dos preços do petróleo e do gás natural – estimulados pela ausência de cartelização no mercado de carvão, do seu baixo preço e dos 200 anos de reservas do combustível ainda disponíveis –, países europeus estão voltando ao carvão.

Pensando somente no mercado e no curto prazo, a decisão européia não poderia estar mais correta, afinal o custo dos combustíveis atualmente utilizados subiu, segundo o NYT, 151% desde 1996 (e sabemos que, em Euros, o preço do barril do petróleo subiu quase 30% desde 2006). No Brasil, Eike Batista está planejando fazer termelétricas a carvão no Ceará.

Esse retorno é prova de que somente uma solução de mercado poderá resolver o problema do Aquecimento Global. O carvão tem que deixar de ser a matéria-prima mais barata para geração de eletricidade. E, pelo mercado, isso não vai acontecer tão cedo. Isso provavelmente acontecerá por meio de ação governamental.

Uma possibilidade é incluir-se – na produção e/ou no consumo (dependendo do caso) – um valor referente ao custo da mitigação da emissão, o que, essencialmente, é o mecanismo de cap-and-trade (créditos de carbono) de Quioto. Emitiu, mitigou.

O problema é que a mitigação tem um limite. É impossível pensar num cenário em que emitimos tudo quanto quisermos e seqüestramos a totalidade do carbono emitido. Atualmente, a capacidade de absorção de carbono pelas florestas e oceanos é algumas vezes menor do que as emissões da humanidade, e é por isso que o carbono se acumula na atmosfera. O mecanismo capitalista de transformar o problema em uma possibilidade de lucro (através da venda dos créditos de carbono), é uma boa idéia, mas, por si só, não vai resolver o problema. Seqüestrar todo o excesso de carbono que emitimos para que deixe de se acumular na atmosfera é quase intangível e, portanto, a não-emissão é essencial.

Um imposto sobre o carbono emitido que tornasse alternativas limpas mais economicamente viáveis seria uma solução, mas esbarra em interesses, como tudo na vida.

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