A China está produzindo e consumindo mais carros do que nunca. Em relação ao ano passado, o consumo de automóveis subiu 20% e, segundo matéria da The Economist dessa semana, não há sinais de que esse impulso está diminuindo. Atualmente, somente 4% da população Chinesa tem carros e, apesar da China estar se configurando em um país dividido entre suas faces rica e pobre, urbana e rural – o que desautoriza a percepção catastrófica de que todos os 1,3 bilhão de Chineses terão como, no curto prazo, comprar automóveis –, ainda há um grande mercado potencial para o automóvel na China. Recentemente, a relação preço de automóvel/salário na China chegou àquele ponto em que analistas entendem como engatilhador do consumo: o preço do carro passou a ser mais ou menos igual ao de um ano de salário. Com crédito barato, que o país tem, fica fácil comprar. O carro também é um símbolo de status na China – o que incentiva ainda mais seu consumo.
Creio que há uns dois anos atrás saiu uma matéria no New York Times falando do aumento do consumo de aparelhos de ar condicionado na Índia, favorecido pelo desenvolvimento. A matéria girava em torno dos gases refrigerantes utilizados, danosos à camada de ozônio. Num momento de cortes de emissões de carbono, vai ficar complicado com a China colocando 6,2 milhões de carros individuais nas ruas por ano, como aconteceu ano passado. O consumo per capita de energia da China ainda é muito baixo, mas o país é o segundo mais produtor/consumidor. O país, com uma população quatro vezes maior do que a dos Estados Unidos, consome por volta de metade da energia dos EUA. Muito do potencial energético chinês é jogado fora em termelétricas antigas e desperdiçadoras. E o pior, essas termelétricas são a carvão que, além de emitirem o dobro de dióxido de carbono que as termelétricas a gás, ainda emitem dióxido de enxofre, que contamina lagos, mata os peixes, destrói plantações, gera a famosa “chuva ácida”, fora as conseqüências para a saúde pública que é melhor nem começar a listar. Oito das dez cidades mais poluídas do mundo estão na China e essa nova frota não virá desanuviar os ares.
Fora o efeito ambiental, é certo que esse novo contingente de automóveis virá pressionar o preço do barril do petróleo. (Aliás, concordo com quem diz que é um absurdo o governo baixar o imposto sobre a gasolina. A produção petrolífera mundial está mostra sinais de esgotamento e o governo incentiva o consumo. Maravilha. Tudo errado. O transporte individual e o uso de combustíveis fósseis devem ser desincentivados; e uma ótima ferramenta continua sendo o mercado.)
2008-05-05
Vai dar m...
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